domingo, 2 de março de 2014

Pesquisa de Campo e a Entrevista Aberta ou em Profundidade ... Flick, Godoi e Balsini, Haguette, Malhotra.

Boa tarde!
  A entrevista em profundidade pode ser estruturada ou semi-estruturada. É considerada uma ferramenta importante para a elaboração de uma pesquisa de campo e a técnica qualitativa, assuntos abordados em meu artigo de 17 de março de 2013, cujo link é: [http://www.abntouvancouver.com.br/2013/03/pesquisa-acao-pesquisa-de-campo-ou.html].
 Deve ser elaborada a partir de um roteiro (fechado ou semi-aberto) de perguntas a serem aplicadas aos entrevistados/colaboradores da monografia em desenvolvimento. 
 Existe ainda a entrevista não estruturada, para a qual devem ser lançadas pelo acadêmico/entrevistador algumas perguntas para abrir a conversação com o entrevistado, e a partir disso, incentivá-lo a falar com maior liberdade sobre o assunto abordado. 
  Para melhor compreensão deste artigo, hoje ele será dividido em itens enumerados.
   1. Introdução
   Ao definir pela elaboração de uma entrevista e incluir seus resultados em um texto acadêmico-científico, o universitário tem por finalidade ilustrar a teoria analisada com os fatos que ocorrem no dia a dia, referentes às circunstâncias existentes no contexto dos entrevistados.
  Para o aluno/pesquisador, elaborar uma pesquisa de campo a partir da coleta de dados pode ser uma experiência bastante enriquecedora, uma vez que o ato de obter informações a respeito de determinado assunto, investigar como os fatos ocorrem na realidade, no local onde esses fatos acontecem, na interação entre as pessoas, nos problemas e soluções que surgem em função dessa interação vão permitir a esse acadêmico observar a realidade e poder compará-la à teoria analisada ao longo da elaboração da fundamentação teórica. 
  Assim, essas informações tornam-se elementos de grande valor para esse acadêmico, enriquecendo não somente sua monografia, mas também a sua visão sobre o tema desenvolvido, diante de seu contato com a realidade e com as vivências das pessoas que colaboraram para sua pesquisa.

   2. Teoria
   Segundo Godoi e Balsini (2010, p.89-113) a pesquisa qualitativa é um método de coleta de dados que pode colaborar na compreensão da complexidade das relações entre as pessoas, tanto no contexto social quando no organizacional. Destina-se à descoberta e avaliação dos “significados e das intenções dos atores sociais investigados, de modo que os dados são representações dos atos e das expressões humanas”.
   Por sua vez Malhotra (2001, p. 155) defende que a pesquisa qualitativa é definida como uma técnica de “...pesquisa não-estruturada, exploratória, baseada em pequenas amostras, que proporciona insights e compreensão do contexto do problema” que está sendo estudado. Entretanto, as modalidades de pesquisa estruturada e semiestruturada também fazem parte da classificação das pesquisas qualitativas, devido ao fato de irem ao ambiente onde ocorrem os fenômenos que estão sendo estudados.
  Ao analisar os diferentes teóricos especializados em metodologia científica que abordam este assunto, observei que existem opiniões controversas, a respeito do uso ou não da entrevista em profundidade. Enquanto alguns apoiam e defendem exatamente o contato com a realidade pelas entrevistas estruturadas, que são mais formais e atreladas ao roteiro de perguntas, outros a reprovam, considerando que o entrevistador poderia, de alguma forma, interferir nos resultados, a partir de sua visão pessoal sobre o assunto em questão.  
  Neste sentido, Haguette (1997) defende que a entrevista em profundidade é válida quando o aluno/pesquisador que conheça relativamente pouco os fatos que ocorrem naquele contexto e realidade, e dessa forma, não poderá “interferir” com sua opinião e impressões nos resultados da investigação.
  Na mesma linha de raciocínio Flick (2009) defende que, na atualidade, as entrevistas não estruturadas têm sido mais atraentes para pesquisadores e estudantes das várias áreas de estudos, porque conferem maior liberdade à conversação entre entrevistador e entrevistado, que não ficam presos a um roteiro padronizado de perguntas. Contrariamente, as entrevistas estruturadas e semiestruturadas baseiam-se mais na teoria, permitindo, eventualmente, “a antecipação de situações possíveis”, ou de outra forma, tornando os resultados mais previsíveis.

   3. Conclusão
     A pesquisa de campo pela técnica de entrevista, seja em profundidade ou não, é um instrumento importante para o aprendizado do acadêmico, assim como para fazer de seu texto (seja monografia, um tcc ou uma tese de mestrado), uma nova fonte de consulta para aqueles que a ele chegarem, evidenciando que teoria e realidade devem sempre ser avaliados em conjunto.

   Caso você tenha outras dúvidas sobre a realização de entrevistas, escreva para mim e eu responderei  tão logo possível.
   Um abraço!
Regina Del Buono
REFERÊNCIAS:
FLICK, W. Introdução à pesquisa qualitativa. Tradução Joice Elias Costa. 3. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2009
GODOI, C. K.; BALSINI, C. P. V. A pesquisa qualitativa nos estudos organizacionais brasileiros: uma análise bibliométrica. [In]: SILVA, A. B.; GODOI, C. K.; BANDEIRA-DEMELO, R. (orgs). Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. 2. ed. São Paulo, 2010, p. 89-113.
HAGUETTE, T. M. F. Metodologias qualitativas na Sociologia. 5a edição. Petrópolis: Vozes, 1997.
MALHOTRA, N. K. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

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