"[...] O mundo da educação está dividido entre os que têm e os que não têm problemas econômicos, sendo estes últimos os favorecidos pela "providência divina" social e cultural." [...]
As oportunidades no mercado de trabalho para as crianças que não frequentam escolas, quando se tornarem adultas, estarão cortadas ou bastante limitadas a empregos de ordenados baixos, já que não possuem as qualificações educacionais que só a escola confere com seus ensinamentos e diplomas.
As crianças que pertencem à classe dominante possuem vantagens de condições sociais prévias, derivadas do estilo de vida que levam. Podem ter boa alimentação, estimulação psicofisiológica em faixas etárias adequadas; ensino qualitativamente superior, motivação adequada para aspirações profissionais elevadas, etc..
Tais vantagens garantem-lhes êxito escolar, e serão consideradas "naturalmente superiores", inteligentes, "bem dotadas". Terão, ainda, maiores possibilidades de sucesso profissional, pois estarão preparadas para ocuparem os melhores empregos oferecidos pela sociedade.
[...] A ideologia da classe dominante, portanto, valoriza o desempenho e a conclusão escolares. As pessoas que possuírem as melhores e mais extensas qualificações escolares terão melhores oportunidades de bons empregos e bons salários. Essas pessoas deverão, consequentemente, pertencer à classe social privilegiada, pois só esta possui condições econômicas para oferecer às suas crianças tão dispendiosas qualificações.
É criado um "círculo vicioso" que, por meio do conteúdo educacional e de outros aspectos da estrutura escolar, manterá e legitimará o status quo, isto é, a superioridade da classe social dominante. Tal classe mantém escolas particulares que administram a seus filhos um ensino de qualidade superior em relação ao ministrado, geralmente, pelas escolas públicas [...]. "
Nosella, Maria de Lourdes Chagas Deiró.
trecho do livro -
As Belas Mentiras: a ideologia sujbacente aos textos didáticos.
Coleção: Educação Universitária.
8.ed. São Paulo: Moraes, 1981, p. 61-62
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