"Nunca aprendi a natureza das paixões,
Mas as vivi todas em acidentes,
Sobrevivi a elas sempre doente,
Duelando amor e insanidade
Narconéctar que envenena a alma:
sinto minha boca perdendo o sabor de tudo,
Vejo minha roupa diluindo-se na cor das coisas
E a consciência nua abrigando-se sob os beirais
O céu se afirma azul depois da chuva pálida
e a tarde nos prepara chá e bolo para repartirmos palavras
A felicidade se faz de tijolos vermelhos,
tem plantas no quintal e traz a alma vestida em algodão
Uma vez mais, com linha e agulha,
as manhãs retecem o amor que as noites desfiam e descobrem
Simplicidade do dia que a noite não vê,
simplicidade do amor que a paixão desconquista
sempre que projeta a vida projeta repentes e cores que a razão nunca lê."
César Magalhães Borges
escritor e professor universitário paulista
(1964 - )
escritor e professor universitário paulista
(1964 - )
poema obtido no livro: Ciclo da Lua
3.ed.; São Paulo: Plêiade, 2011, p. 55
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