Qual é o propósito da nossa vida? São perguntas profundas que passam muitas vezes despercebidas, mas que, em alguns momentos, quando menos se espera reaparecem como pergunta ou inquietação, mas também como plena felicidade.
Ha quinze dias conheci um aluno que veio fazer uma disciplina em regime de dependência chamada relações interpessoais. Logo na primeira aula eu confundi o horário e o local e por isso dei um cano no aluno. Ficou para a semana seguinte nosso primeiro encontro que deveria, obviamente, se iniciar pelo meu pedido formal de desculpas pelo ocorrido, foi o que fiz.
Como atualmente ocupo uma sala na coordenação e trata-se de um único aluno, optamos por trabalhar na minha sala, na verdade uma conversa sobre alguns textos. Começamos de maneira formal com teoria e tal. O aluno, um homem feito de mais de trinta anos muito sério e compenetrado. Vale dizer que não é fácil pensar em didática para uma pessoa apenas.
A partir da segunda noite decidimos sair e andar pelo campus enquanto conversávamos, fui atender duas turmas do curso que coordeno e ele me acompanhou, depois paramos pelos corredores, tomamos café e passamos a falar sobre questões filosóficas.
Nossa noite foi tomada por assuntos como ética, relações familiares, destino, a existência de Deus, política, ideologia, amor, paixão, ódio e medo. Nossa conversa teve início, mas não sabíamos o final. Dois homens maduros, que nunca se viram antes, que possivelmente nunca mais se encontrarão, mas que, naquele momento, trocavam ideias de forma aberta, sincera, sem freios ou melindres. A sintonia que só o pensamento pode fazer surgir.
Na terceira e penúltima noite nos sentamos lado a lado para participar de um debate sobre suicídio, naquela noite, novamente não éramos aluno e professor, mas duas pessoas querendo aprender e apreciando o momento da reflexão desinteressada, afetuosa e, verdadeiramente fraterna.
Chegou a última noite, hoje (26/09/2019). Meu aluno (ou amigo?), me perguntou se poderia vir mais cedo, o que concordei sem problemas. Ele sentou frente a mim e contou algo sobre a família, irmão e esposa. Olhamos para o texto que talvez seria nosso norte e… Deixa o texto para lá.
Hoje ele me falou sobre amor e paixão, conversou sobre confiança e traição, parceria e apoio. Hoje ele me falou sobre aprendizado, sobre acreditar em si mesmo e, especialmente, sobre a influência que faz em nossas vidas ter alguém que confia em nós, que nos apoia.
No meio da conversa ele me disse que muitas vezes temos todas as respostas e caminhos dentro de nós, apenas precisamos destravar ou encontrar o que já existe, é uma questão de olhar no canto certo, sem medo.
No final ele levantou e disse que aprendeu muito comigo, que teve uma experiência linda e que nossas conversar vão ecoar por muito tempo. Disse que ter tido essas quatro noites farão toda diferença na vida dele.
Eu preciso dizer que ele está parcialmente errado, se professor é aquele que aprende ao ensinar, posso dizer que talvez eu nunca tenha sido tão professor, tive quatro noites de aprendizado de humanidade e de vida. Hoje valeu a pena ter saído de casa, hoje teve um legado.
Ao final, dois homens que não se conheciam e que não terão contato futuro, em um abraço no qual os dois, sem explicação, sem justificativa ou motivo aparente, choraram em silêncio e em comunhão. Um homem, muitas vezes, escolhe chorar nos ombros de quem ama muito, confia demais e por isso entrega sua alma.
Obrigado aluno estranho e fortuito por ter me proporcionado um dos mais especiais momentos de minha carreira, obrigado por me fazer aluno e ser tão bom mestre."
Ha quinze dias conheci um aluno que veio fazer uma disciplina em regime de dependência chamada relações interpessoais. Logo na primeira aula eu confundi o horário e o local e por isso dei um cano no aluno. Ficou para a semana seguinte nosso primeiro encontro que deveria, obviamente, se iniciar pelo meu pedido formal de desculpas pelo ocorrido, foi o que fiz.
Como atualmente ocupo uma sala na coordenação e trata-se de um único aluno, optamos por trabalhar na minha sala, na verdade uma conversa sobre alguns textos. Começamos de maneira formal com teoria e tal. O aluno, um homem feito de mais de trinta anos muito sério e compenetrado. Vale dizer que não é fácil pensar em didática para uma pessoa apenas.
A partir da segunda noite decidimos sair e andar pelo campus enquanto conversávamos, fui atender duas turmas do curso que coordeno e ele me acompanhou, depois paramos pelos corredores, tomamos café e passamos a falar sobre questões filosóficas.
Nossa noite foi tomada por assuntos como ética, relações familiares, destino, a existência de Deus, política, ideologia, amor, paixão, ódio e medo. Nossa conversa teve início, mas não sabíamos o final. Dois homens maduros, que nunca se viram antes, que possivelmente nunca mais se encontrarão, mas que, naquele momento, trocavam ideias de forma aberta, sincera, sem freios ou melindres. A sintonia que só o pensamento pode fazer surgir.
Na terceira e penúltima noite nos sentamos lado a lado para participar de um debate sobre suicídio, naquela noite, novamente não éramos aluno e professor, mas duas pessoas querendo aprender e apreciando o momento da reflexão desinteressada, afetuosa e, verdadeiramente fraterna.
Chegou a última noite, hoje (26/09/2019). Meu aluno (ou amigo?), me perguntou se poderia vir mais cedo, o que concordei sem problemas. Ele sentou frente a mim e contou algo sobre a família, irmão e esposa. Olhamos para o texto que talvez seria nosso norte e… Deixa o texto para lá.
Hoje ele me falou sobre amor e paixão, conversou sobre confiança e traição, parceria e apoio. Hoje ele me falou sobre aprendizado, sobre acreditar em si mesmo e, especialmente, sobre a influência que faz em nossas vidas ter alguém que confia em nós, que nos apoia.
No meio da conversa ele me disse que muitas vezes temos todas as respostas e caminhos dentro de nós, apenas precisamos destravar ou encontrar o que já existe, é uma questão de olhar no canto certo, sem medo.
No final ele levantou e disse que aprendeu muito comigo, que teve uma experiência linda e que nossas conversar vão ecoar por muito tempo. Disse que ter tido essas quatro noites farão toda diferença na vida dele.
Eu preciso dizer que ele está parcialmente errado, se professor é aquele que aprende ao ensinar, posso dizer que talvez eu nunca tenha sido tão professor, tive quatro noites de aprendizado de humanidade e de vida. Hoje valeu a pena ter saído de casa, hoje teve um legado.
Ao final, dois homens que não se conheciam e que não terão contato futuro, em um abraço no qual os dois, sem explicação, sem justificativa ou motivo aparente, choraram em silêncio e em comunhão. Um homem, muitas vezes, escolhe chorar nos ombros de quem ama muito, confia demais e por isso entrega sua alma.
Obrigado aluno estranho e fortuito por ter me proporcionado um dos mais especiais momentos de minha carreira, obrigado por me fazer aluno e ser tão bom mestre."
Prof. Dr. Lupércio Rizzo
Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo
0 comentários:
Postar um comentário